UMA FÉ COMUNITÁRIA

João 17.11

Lendo um artigo do evangelista argentino Rene Padilha, uma frase me chamou a atenção: “A fé cristã não olha para um ser humano isoladamente, mas como um ser criado para a comunidade. Isto não nega, naturalmente, a necessidade do relacionamento com Deus por meio de Jesus Cristo, mas nega que tal relacionamento pessoal seja possível sem o povo de Deus. Em outras palavras, o cristianismo é pessoal, mas não é individualista. Ele é pessoal e social.”

Como demonstrar esta fé em um mundo cada dia mais individualista? Onde cada ser humano pensa unicamente em seu bem estar e não na coletividade? Quando olhamos as atitudes de pessoas e governos chegamos à conclusão que esta é a tônica do mundo em que vivemos. Cada dia as pessoas pensam mais em si mesmo. Recentemente o governo dos Estados Unidos comprou toda a produção de uma vacina, que nem pronta está, apenas para ser usada naquele país. E as outras mais de 200 nações ao redor do mundo que não tem o mesmo poder econômico? Como farão? Acredito que tudo isto é fruto do que vivemos hoje e que tende a piorar em momentos de crise. Temos um ditado que diz: “Farinha pouca meu pirão primeiro”.

A consequência natural para esta atitude é que nosso relacionamento com Deus se torna individualista, focando apenas no que se refere a uma religiosidade vertical, mas João nos adverte quanto a isto: “Quem afirma estar na luz, mas odeia seu irmão, continua nas trevas.” (I João 2.9) O grande paradoxo do cristianismo é expresso em meu relacionamento com meu irmão. Só posso demonstrar que tenho comunhão com Deus se tiver comunhão com meu irmão. O fruto do Espírito que eu venha a produzir somente será desfrutado pelo meu irmão, pois ele é que receberá o efeito do amor, longanimidade, bondade, domínio próprio, etc. Jesus em sua oração sacerdotal também nos leva a mesma conclusão quando ora: “… Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um.” (João 17.11)

Na Bíblia temos vários exemplos desta fé que se expressa na coletividade. No Salmo 19, quando Davi vai falar sobre a revelação de Deus aos homens, ele começa falando da natureza, a revelação natural de Deus, passa então, a falar sobre a revelação escrita (Bíblia) e então fala sobre os efeitos que esta revelação tem sobre a vida do salmista, ou seja ele se torna uma Bíblia ambulante onde as pessoas podem perceber o que Deus fez em sua vida, transformando-a. A igreja de Jerusalém, em Atos 2, conquista a simpatia de todos através de sua convivência e como isto impacta a vida das pessoas ao seu redor.

Quando nossa vida deixa de focar apenas no “eu”, e passamos a viver como nos ensina a Bíblia, de uma forma coletiva, pensando nos outros também. Podemos expressar de uma forma correta o que nos ensinou Jesus. Seremos mensageiros desta mensagem que não implica apenas em um relacionamento com Deus, apesar de começar com ele, mas se completa na maneira como refletimos este relacionamento para os que nos cercam. Que Deus te abençoe.