GÊNESIS 22.1-19

Quem trabalha no mar embarcado, sabe da importância de se ter um porto onde se refugiar em momentos de tempestade. Mesmo que seja um porto estrangeiro, em determinadas situações é necessário buscar proteção nas tempestades que podem se abater sobre o barco. Nestes momentos as ancoras que seguram o barco ao cais, devem estar bem firmes, para que possam garantir sua proteção. Abraão é um exemplo de que Deus era a ancora de sua existência. Toda a vida deste patriarca, desde sua chamada em Ur, sua cidade natal na Caldeia, foi pautada pela firma fé nos propósitos de Deus para a sua vida.

Podemos perceber que esta fé se manifesta em três esferas distintas e com características especificas dentro da vida de Abraão. A primeira dela é:

A fé de Abraão é imediata. No versículo 3 de gênesis 22, ele não perde tempo, logo na manhã seguinte se levanta e parte para cumprir o que Deus havia pedido a ele. Quando foi chamado foi assim também, em Gênesis 12.4, temos sua chamada e podemos perceber a mesma reação imediata à ordem de Deus. Em muitos momentos de nossas vidas, protelamos e retardamos em atender o que Deus nos ordena. Questionamos, argumentamos e muitas vezes nos recusamos a obedecer ao que nos é colocado como o melhor caminho a seguir. Deus parece então um semelhante a nós,  no mesmo nível. Sendo assim podemos questionar, brigar, negar, enfim fazer o que queremos sem nos importar com o que está sendo colocado como sendo a vontade de Deus para a nossa vida. A grandeza de Deus, e principalmente sua paciência, com os homens, se manifesta nesta hora, pois nossa prepotência nos coloca como sendo capazes de discutir o que é melhor para as nossas vidas com nosso Criador.

A segunda característica da fé de Abraão é:

A fé de Abraão é interior. Em Hebreus 11.19 encontramos: “Abraão levou em conta que Deus pode ressuscitar os mortos; e, figuradamente, recebeu Isaque de volta dentre os mortos.” O escritor de Hebreus me revela que a fé de Abraão nasce de seu interior, da sua mente. Internamente ele já sabia que Deus realizaria algo. No texto de Gênesis, ele afirma no versículo 5, o seguinte: “…Depois de adorarmos, voltaremos”. Havia em seu interior uma certeza de que o mesmo Deus que já havia sido fiel até aquele momento em sua vida, não o deixaria naquele momento. E nós, será que podemos afirmar que confiamos em Deus da mesma forma? Se hoje formos chamados a uma prova semelhante à de Abraão, teremos fé de que Nosso Senhor estará no controle da situação, de forma a cumprir tudo o que Ele nos prometeu? Lembre-se que a fé é pratica, deve ser exercitada (Tiago 1.2-3).

Como terceira característica temos:

A fé de Abraão é incondicional. Deus pede Isaque. Não há da parte de Abraão nenhum momento de duvida. Acredito que em seu íntimo, provavelmente, deve ter ocorrido um conflito, mas sua firmeza de fé prevaleceu. Já havia por parte de Abraão a perspectiva da entrega a Deus do que lhe fosse pedido. Ele já havia entregue sua parentela (Gn 12.1), seu sobrinho Ló (Gn 13.8-9), seus planos para seu filho Ismael (Gn 17.17-19) e agora o filho da promessa: Isaque. Note que Deus preparara o coração de Abraão, por toda a sua vida para o grande momento de demonstração de entrega total a Deus, através do sacrifício de Isaque. Da mesma forma Nosso Senhor nos prepara e fortalece para estes momentos decisivos em nossas vidas, mas sempre haverá uma decisão a ser tomada de nossa parte. É esta decisão de entrega que determina o quanto Deus tem de nós e o quanto Ele agirá através de nós.

A todo momento Deus quer agir em nossas vidas de forma decisiva e transformar o que precisa ser transformado, para nos tornar melhores servos diante d´Ele. Depende de nos colocarmos na posição de Abraão, de total confiança que Ele agirá de forma decisiva, modificando todas as situações que precisem ser mudadas em nosso interior e exterior. Faça de Deus a ancora de sua vida, te firmando em todos os momentos, não apenas nos ruins.