Romanos 12.2

No século II, um cristão desconhecido escreveu um livro sobre os cristãos de sua época, no qual falava: “Estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Vivem na terra, mas sua cidadania está no céu. Obedecem às leis, mas as ultrapassam com sua conduta. Amam a todos. E todos os perseguem. Não os conhecem e, no entanto, os condenam. Matam-nos e, desse modo, lhes dão vida. São pobres e, ainda assim, tornam ricas muitas pessoas. Falta-lhes tudo e, entretanto, têm tudo.” (Epístola a Diogneto). Que descrição maravilhosa do que Cristo faz a uma vida que se deixa moldar pelos seus ensinos.

Olho para este texto e penso, como ele é atual em vários aspectos. A vida de um cristão é, ou pelo menos deveria ser, um paradoxo em muitos aspectos, pois estando no mundo mergulhado em uma cultura, convivendo e participando desta cultura não deveríamos nos deixar contaminar com os aspectos ruins dela. Jesus declara isto quando diz: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.” (João 17.15), Paulo em Romanos também concorda quando diz: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (12.2). Paulo vai além ao nos afirmar que experimentar a vontade de Deus em nossas vidas está condicionado a não se amoldar ao padrão que nos cerca.

Um bom, e simples exemplo, que podemos citar, são as mudanças nas estruturas familiares na sociedade que vivemos hoje. Quando era criança, e nisto já se vão 50 anos, as famílias se organizavam de forma extensiva, ou seja, a noção de família era ampla, no sentido que você conhecia seus avós, tios, primos, em primeiro e segundo grau, etc., fazendo as reuniões de família serem verdadeiros eventos. Devido aos avanços de nossa sociedade industrial as famílias se tornaram nucleares, conhecendo apenas o núcleo básico, pai, mãe e filhos. Isto sem falar de outras transformações na família, que podemos perceber na cultura que estamos inseridos. Outro exemplo que posso citar, é o uso de um linguajar chulo pelos cristãos. Parece que Efésios 4.29 (“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.”), não existe na Bíblia de alguns cristãos. Se isto não for se amoldar a forma da cultura que nos cerca, na sua forma mais simples não sei o que é. Para algumas pessoas o uso destas palavras não mais fere os ouvidos, tornou-se comum.

Ser diferente não é amoldar-se, ser diferente é influenciar pela diferença. Fazer as pessoas notarem que há algo que te diferencia pela ação do Espirito Santo em sua vida, te levando a viver segundo o padrão que a Bíblia te ensina. É exatamente isto que o escritor desconhecido do século II está dizendo. Inseridos, mas diferentes, dentro, mas não se amoldando. Padrões firmes que moldam o que te cerca.

Que Deus te abençoe.